SIMULADO DE REDAÇÃO
REDAÇÃO I
:
Com
base na leitura do texto-estímulo reproduzido mais abaixo, redija um texto
dissertativo-argumentativo que discuta o tema:
O acesso à
escola pública e gratuita e a atual política educacional no Brasil
Defenda
uma opinião, amparada na organização e relação de fatos e argumentos que a
sustentem logicamente. Você pode, se quiser, citar algum fato mencionado no
texto-estímulo, entretanto, NÃO pode copiar suas orações, frases e períodos. Se
desejar, dê um título a seu texto.
Texto-Estímulo:
O
esforço é de um atleta africano num torneio de tênis patrocinado por suecos.
Entrar numa faculdade pública no Brasil é coisa de rico. É conhecida a
explicação: pobre estuda em escolas públicas precárias, pobre não tem dinheiro
para cursinho e, quando trabalha, não tem tempo para estudar tudo o que não
aprendeu até chegar a hora do vestibular. São pelo menos 120 mil estudantes que
estão fora do que chamam "latifúndio educacional" instalado no ensino
superior, que concentra a educação nas mãos de poucos, segundo integrantes do
recém-criado MSU (Movimento dos Sem Universidade).
Oficializado
em abril, o movimento quer o que a maioria dos pais brasileiros almeja para
seus filhos: a chance de estudar numa universidade pública, mesmo tendo saído
de uma escola de segundo grau despreparada para despachar seus alunos à
olimpíada dos vestibulares. Espalhados em grupos pelo país, eles também querem
isenção das taxas de inscrição para o vestibular, argumentando que são poucos
os estudantes com condições de em São Paulo, por exemplo, se inscrever na USP,
Unesp e Unicamp, o que aumentaria suas chances em 50%, mas custaria quase
R$200. Querem, igualmente a criação de uma universidade popular, projeto que já
passou pelas mãos de João Sayad, o secretário das Finanças da prefeita Marta
Suplicy, e que tem como sugestão de localização parte do terreno hoje ocupado
pelo presídio do Carandiru, na cidade de São Paulo.
É
um movimento que já nasce grande porque envolve um número enorme de jovens sem
acesso à universidade pública. Inclusive da classe média, que nos últimos anos
passou a protagonizar uma história que se repete nas melhores famílias: sem
dinheiro para obter a formação básica numa boa escola, o estudante acaba
entrando numa universidade particular, que custa caro e prolifera como uma rede
de fast food.
No
meio do caminho, a família joga a toalha porque não consegue pagar a escola, e
o filho tem de abandonar o curso. As estatísticas estão a favor do MSU: apenas
10% da população brasileira jovem, na faixa etária entre 18 e 24 anos, chega
até a universidade; os que sobram são uma espécie de reféns de sua situação
sócio-econômica.
O
desdobramento dessa exclusão é igualmente dramático: pesquisa realizada pelo
Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), vinculado ao Ministério do
Planejamento, revelou em 1998 que trabalhadores com oito anos de escolaridade
ganham 36% a mais do que os não-qualificados; os que têm o ensino médio
completo ganham 170% a mais e os que têm curso superior o ganho é de 516% a
mais.
Conclusão:
exceção feita à vida artística, onde um rebolado ousado pode criar novos
milionários da noite para o dia, na vida real o diploma universitário contribui
objetivamente para uma melhora na situação sócio-econômica.
[...]
O
movimento conquista simpatizantes ao criticar o governo federal - com a
popularidade em baixa - pelo descaso ao problema da exclusão social na
universidade pública. "É preciso fazer alguma coisa por nós mesmos porque
outros não o farão, é preciso nos organizar para desorganizar e acabar com
essas injustiças do sistema de vestibular, é preciso respeitar as gerações
futuras e o futuro de nosso povo", dizem eles em sua carta aberta à
população.
Conquistar
o diploma, passaporte para um mercado de trabalho restrito e exigente, é muito
difícil para quem não pode pagar uma universidade particular. Das 766 mil vagas
oferecidas pelas instituições de ensino superior em 1998, apenas 26,41% (205
mil) eram em universidades públicas.
Os
estudantes do MSU não querem apenas um diploma universitário. Querem a
transformação cultural através da busca do conhecimento científico e
tecnológico, no seu avanço civilizatório, o que certamente não é possível
quando muitas universidades privadas escorregam para o mundo os negócios.
(Célia Chaim. Organização
luta por acesso à escola pública. Folha
de S. Paulo, 23 de julho de 2001)
REDAÇÃO II:
Com base na
leitura do texto a seguir, elabore uma redação que discuta posições e exponha
argumentos sobre o tema:
A melhor formação profissional
Defenda uma
opinião, com base na exposição de fatos e argumentos que a sustentem
logicamente. Se desejar, dê um título a seu texto.
Alguém disse
que um especialista é uma pessoa que sabe cada vez mais sobre cada vez menos. A
frase é engraçadinha, porém errada. Cadê o especialista que só sabe de um
assunto? Certamente, não está nos empregos mais cobiçados.
[...]
Dentre as
ocupações valorizadas e mais bem remuneradas, há duas categorias. A primeira é
a dos cientistas, engenheiros e muitos outros profissionais, cuja preparação
requer o domínio de técnicas complexas e especializadas - além das competências
"genéricas". Ninguém vira engenheiro eletrônico sem longos anos de
estudo. Mas pelo menos a metade das ocupações que requerem diploma superior
exige conhecimentos específicos limitados. Essas ocupa-ções envolvem
administrar, negociar, coordenar, comunicar-se e por aí afora. Pode-se
aprendê-las por experiência ou em cursos curtos. Mas somente quem dominou as
competências genéricas trazidas por uma boa educação tem a cabeça arrumada de
forma a aprendê-las rapidamente. Por isso, nessas ocupações há gente com todos
os tipos de diploma. Nelas estão os graduados em economia, direito e dezenas de
outras áreas. É tolo pensar que estão fora de lugar ou mal aproveitados, ou que
se frustrou sua profissionalização, pois não a exercem. É interessante notar
que as grandes multinacionais contratam "especialistas" para posições
subalternas e, para boa parte das posições mais elevadas, pessoas com a melhor
educação disponível, qualquer que seja o diploma.
A
profissionalização mais duradoura e valiosa tende a vir mais do lado genérico
que do especializado. Entender bem o que leu, escrever claro e comunicar-se,
inclusive em outras línguas, são os conhecimentos profissionais mais valiosos.
Trabalhar em grupo e usar números para resolver problemas, pela mesma forma, é
profissionalização. E quem suou a camisa escrevendo ensaios sobre
existencialismo, decifrando Camões ou Shakespeare pode estar mais bem preparado
para uma empresa moderna do que quem aprendeu meia dúzia de técnicas, mas não
sabe escrever.
A lição é
muito clara: o profissional de primeira linha pode ou não ser um especialista,
dependendo da área. Pode ou não ter a necessidade de conhecer as últimas
teorias da moda. Mas não pode prescindir dessa "profissionalização
genérica", sem a qual será um idiota, cuspindo regras, princípios e
números que não refletem um julgamento maduro do problema. Portanto,
lembremo-nos: especialista não é quem sabe só de um assunto, e ser profissional
não é apenas conhecer técnicas específicas. O profissionalismo mais universal é
saber pensar, interpretar a regra e conviver com a exceção.
(Cláudio Moura e Castro. O
sofisma da especialização". Veja:
Ponto de Vista, 04 de abril de 2001)
REDAÇÃO III :
Com base na leitura dos textos abaixo, elabore uma
redação, dissertativo-argumentativa, sobre o tema:
As cidades
dentro da cidade
Selecione, organize e relacione argumentos, fatos e
opiniões para defender o seu ponto de vista.
Se desejar, dê um título a seu texto.
Texto I -
"- Tenham a bondade de
sentar e esperar um momento.
Logo que ela saiu,
levantei-me e fui à janela. Era uma janela imensa, rasgada sobre o mar, o
grande mar azul que arfava debaixo do sol. Nós tínhamos vivido aqueles tempos
em quartos apertados e quentes, de uma só e miserável janela, dando para uma
parede suja; nós vínhamos de casinhas de subúrbios, cheias de gente, feias e
tristes; ou de cubículos imundos e frios; ou de uma enfermaria geral, com
cheiro de iodofórmio. Entretanto, aquele apartamento de luxo não me espantara
(...). Mas essa vista do mar foi minha surpresa. Nos últimos tempos eu passava
raramente junto do mar, e creio que nem o olhava; vivíamos como se fosse em
outra cidade, afundados no interior, marchando por ruas de paralelepípedos
desnivelados e carros barulhentos. E ali estava o mar, muito mais amplo do que
o mar que poderia ser visto lá embaixo, da rua, pelos pobres; o mar dos ricos
era imenso, e mais puro e mais azul, pompeando sua beleza na curva rasgada de
longínquos horizontes, enfeitado de ilhas, eriçado de espumas. E o vento tinha
um gosto livre e virgem, um vento bom para se encher o pulmão.
Inspirei profundamente esse
ar salgado e limpo; e tive a impressão de que estava respirando um ar que não
era meu e eu nem sequer merecia. O ar de nós outros, os pobres, era mais quente
e parado; tinha poeira e fumaça, o ar dos pobres."
(Rubem Braga, "Os
perseguidos")
Texto II
"Mesmo nas cidades
consideradas mais ricas, como São Paulo e Rio de Janeiro, os indicadores da
situação de boa parte de seus habitantes não deixam de ser chocantes. No Rio de
Janeiro, por exemplo, cerca de 35% dos habitantes moram em favelas; em São
Paulo, a população favelada aproxima-se dos 20%. Isso sem falar na crescente população
de moradores de rua, que povoam as principais metrópoles brasileiras.
Em suma, grande parte das
cidades brasileiras, se fossem tomadas como exemplo, apresentaria situações
semelhantes (...): as diferenças nas paisagens das cidades são a concretização
dos contrastes e das desigualdades sociais geradas pelos esquemas de
sobrevivência em que as pessoas estão envolvidas."
(Douglas, Diamantino e Marcos. Geografia. Ciência do espaço).
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